Em seu trabalho, Dora se dedica à pesquisa de ensaios autorais, processos alternativos, analógicos e experimentais.
As fotografias são permeadas por anacronismos, encontros de temporalidades e sobrevivências.
Registrando fragmentos do tempo e da matéria, em busca de uma integração e me inspirando no poema de Ana Martins Marques, "Coleção":

"Colecionamos objetos, mas não o espaço entre os objetos.
Fotos, mas não o tempo entre as fotos.
Selos, mas não viagens.
Lepidópteros, mas não seu voo.
Garrafas, mas não a memória da sede.
Discos, mas nunca o pequeno intervalo de silêncio entre duas canções."

Em Anacronia I e II, ela reúne os fragmentos do que fica de nós mesmos em meio às demandas do dia
a dia. Um pequeno intervalo de silêncio, breves momentos de conexão.
Fragmentos que transcendem o passar dos dias e vão nos compondo pouco a pouco. É sobre
desconstruir para construir, desmontar para entender e poder conhecer o âmago do ser humano,
aquele lugar inominável, como dizia Clarice Lispector.

É sobre o silêncio que fica quando tudo acaba.